segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Aprendi cantos co´a terra!

Este é um dos poemas mais lindos que ouvi cantar.
Sente-se por trás dele uma voz que se pressente ser do Povo.
É a evocação de uma vida, da infância à adolescência, à maturidade, à fase suspensa do fio que é o presente.
Aqui homenageio um homem, que se tornou cantor por inspiração de alma e grandeza de coração.

Pedro Barroso

"Meu pai era seareiro
E minha mãe mondadeira
E “ratinhos” nos chamavam;
Migrámos, a vida inteira
Apanhei grilos à mão,
Andei ao visco e aos ninhos,
Chinchei fruta e pedi pão;
Apanhei figos da Índia,
Cravando a mão nos espinhos,
Cravando a mão nos espinhos.
Mas dos meus lugares imensos,
Das planícies e das searas,
Guardo um coração de Lua,
Reflectido nas estradas.
Em minhas mãos o melaço,
Pegajoso das figueiras,
Em meus olhos tanto espaço
E a quietude das ribeiras;
Meus recreios foram as eiras,
Meus recreios foram as eiras.
Comi melão e bebi vinho,
Aprendi cantos co’a terra,
Cardei as botas e as mãos,
Nas amoras e nas batatas,
Nas queimadas e na guerra.
Sou uma geração de gente,
Soldados de campo e mar,
Sem espaço atrás nem à frente,
Para podermos desbastar;
Sem espaço atrás nem à frente,
Para podermos desbastar.
Mas enquanto há vida, há esperança,
Mas enquanto há vida, há esperança !"

http://www.youtube.com/watch?v=KQOjLAD3rmU

By Moon

Sem comentários:

Enviar um comentário